Municípios se posicionam contra proposta de 'barreira ortopédica' para desafogar Hospital Walfredo Gurgel

  • 22/11/2024
(Foto: Reprodução)
Em nota conjunta, Federação dos Municípios do RN e Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN defenderam o fortalecimento dos hospitais regionais como medida para desafogar o maior hospital público do estado. Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, está superlotado Thiago César/Inter TV Cabugi A Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN (Cosems) emitiram uma nota conjunta nesta sexta (22) se posicionando contra a proposta de 'barreira ortopédica' apresentada pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) para desafogar o Hospital Walfredo Gurgel. Confira a nota na íntegra ao final desta matéria. A proposta prevê que municípios arquem com o custeio de atendimentos ortopédicos menos complexos. Segundo a secretária titular da Sesap Lyane Ramalho, a medida já é discutida há mais de um ano com os municípios da região metropolitana e funciona no interior do estado. 📳Participe do canal do g1 RN no WhatsApp A ideia é que o atendimento seja oferecido em formato de consórcio entre os municípios para ratear os custos dos procedimentos, que devem ser concentrados em uma das cidades. Dessa forma, o Hospital Walfredo Gurgel receberia apenas os casos mais graves. LEIA MAIS: Sesap quer criar 'barreira ortopédica' para desafogar Hospital Walfredo Gurgel Superlotado, maior hospital público do RN fecha quatro salas de cirurgia para abrigar pacientes Superlotado, maior hospital do RN fica com pacientes nos corredores e salas de cirurgias bloqueadas De acordo com a Femurn e o Cosems, a proposta inclui a participação direta de municípios no financiamento do custeio dos atendimentos de média complexidade em ortopedia e direciona o fluxo de pacientes para o Hospital filantrópico Belarmina Monte, em São Gonçalo do Amarante, onerando com custo estimado de R$ 900.000 (novecentos mil reais) mensais sete municípios, ficando o estado com o compromisso de arcar com 40% do valor. "A Femurn e o Cosems destacam que a responsabilidade constitucional do financiamento do SUS é tripartite. A Emenda Constitucional 29/2000 estabelece valores mínimos a serem aplicados em ações e serviços de saúde, devendo ser no mínimo 12% dos recursos próprios do estado e 15% dos municípios. Estudo realizado pela Frente Nacional de Prefeitos revela que o montante aplicado pelos municípios do RN encontra-se com valores bastante superiores ao mínimo constitucional, chegando em alguns casos a 35%", diz a nota. Luciano Santos, presidente da FEMURN e Maria Eliza Garcia, presidente do COSEMS-RN, reforçam que "os municípios já estão no limite de sua capacidade financeira, especialmente neste final de exercício fiscal e transição de gestão municipal. Não é razoável que as prefeituras sejam sobrecarregadas com responsabilidades que não lhes cabem. A solução para essa grave crise deve ser liderada pelo Governo do Estado, com o apoio do Governo Federal". As duas entidades defendem "o fortalecimento dos hospitais regionais para amenizar essa situação, como uma das alternativas mais sustentáveis". Em nota, o Governo do Estado afirmou que lamenta o posicionamento da Femurn e do Cosems e que "acredita profundamente na importância da cooperação interfederativa e tem demonstrado compromisso com os municípios ao assumir custos que, muitas vezes, são de responsabilidade exclusiva dos gestores municipais". Confira a nota na íntegra ao final desta matéria. Superlotação O Hospital Walfredo Gurgel voltou a enfrentar problemas de superlotação nos últimos meses. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), o número de atendimentos mensais do Walfredo Gurgel praticamente dobrou entre 2023 e 2024 por causa do aumento de casos de acidentes de moto. A Sesap reforça que muitos desses casos são leves, o que não fazem parte do perfil de atendimento da unidade. Além da criação de uma "barreira ortopédica" para que municípios arquem com o custeio de atendimentos ortopédicos menos complexos, a Sesap anunciou a aceleração da reforma do segundo andar do pronto-socorro Clóvis Sarinho, que deve liberar 39 leitos, como medidas para reduzir a superlotação. Nota conjunta FEMURN e COSEMS A Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN (COSEMS-RN) se posicionam firmemente contra qualquer tentativa de transferir para os municípios a responsabilidade de financiar com recursos do Tesouro Municipal o Plano Emergencial para redução da superlotação atual do Hospital Estadual Monsenhor Walfredo Gurgel. A proposta discutida entre o Governo do Estado e o Ministério Público Estadual, e apresentada na reunião ocorrida no dia 19 de novembro corrente, inclui a participação direta de municípios no financiamento do custeio dos atendimentos de média complexidade em ortopedia. Além disso, direciona o fluxo de pacientes para o Hospital filantrópico Belarmina Monte, em São Gonçalo do Amarante, onerando com custo estimado de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais) mensais sete municípios, ficando o estado com o compromisso de arcar com 40% do valor. A FEMURN e o COSEMS-RN destacam que a responsabilidade constitucional do financiamento do SUS é tripartite. A Emenda Constitucional 29/2000 estabelece valores mínimos a serem aplicados em ações e serviços de saúde, devendo ser no mínimo 12% dos recursos próprios do estado e 15% dos municípios. Estudo realizado pela Frente Nacional de Prefeitos revela que o montante aplicado pelos municípios do RN encontra-se com valores bastante superiores ao mínimo constitucional, chegando em alguns casos a 35%. Por outro lado, os valores aplicados pelo ente estadual historicamente situam-se próximo ao mínimo estabelecido, chegando a 12,63% em 2023, sendo o menor da Região Nordeste. As informações disponíveis para 2024 no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) demonstram que até o momento os valores aplicados situam-se na média de 9%. Acrescente-se a isso o fato que o Governo Federal repassou para o nível estadual entre junho e outubro/2024, recursos da ordem de R$ 259.550.000,00 (duzentos e cinquenta e nove milhões, quinhentos e cinquenta mil reais), de acordo deliberações da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) no período, com a finalidade de custear a rede estadual. Mesmo assim, os municípios continuam complementando os hospitais estaduais com pessoal e insumos. Aqueles que possuem em seu território hospitais regionais, firmam Protocolo de Cooperação entre Entes Públicos autorizando o Ministério da Saúde repassar para o Fundo Estadual toda a produção desses hospitais. Luciano Santos, presidente da FEMURN e Maria Eliza Garcia, presidente do COSEMS-RN, reforçam que "os municípios já estão no limite de sua capacidade financeira, especialmente neste final de exercício fiscal e transição de gestão municipal. Não é razoável que as prefeituras sejam sobrecarregadas com responsabilidades que não lhes cabem. A solução para essa grave crise deve ser liderada pelo Governo do Estado, com o apoio do Governo Federal". A FEMURN e o COSEMS-RN defendem o fortalecimento dos hospitais regionais para amenizar essa situação, como uma das alternativas mais sustentáveis. O hospital sugerido para atender os pacientes, além de ser de difícil acesso para os demais municípios, é de natureza privada sem fins lucrativos sem habilitação para a área de ortopedia, enquanto os estaduais são habilitados pela Rede de Urgência e Emergência para tal função. Diante do exposto reiteramos a posição do Colegiado de Prefeitos e Secretários de Saúde. Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN) Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Rio Grande do Norte (COSEMS-RN) Natal, 21 de novembro de 2024. NOTA DE ESCLARECIMENTO O Governo do Estado do Rio Grande do Norte lamenta a posição adotada pela Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN) e pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde do RN (COSEMS) em relação à proposta de cofinanciamento para implantar o atendimento ortopédico de baixa e média complexidade da região metropolitana de Natal. É importante esclarecer que a responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde (SESAP) é de ser condutora das políticas públicas, bem como, de forma complementar, garantir acolhimento de todos os pacientes que necessitem de atendimento hospitalar no Estado, especialmente em casos graves, de alta complexidade. A proposta do Governo e do Ministério Público foi a criação de um consórcio para dividir as despesas entre os entes envolvidos, como já ocorre em outras regiões do Estado. O custo mensal para que o serviço seja organizado é estimado em R$ 900.000,00 (novecentos mil reais). O Governo do Estado se propôs a arcar com 40% do custo, o restante seria distribuídos entre os municípios da seguinte forma: • Parnamirim: R$ 199.000,00 • São Gonçalo do Amarante: R$ 78.300,00 • Macaíba: R$ 76.500,00 • Ceará Mirim: R$ 69.400,00 • São José do Mipibu: R$ 69.200,00 • Extremoz: R$ 45.500,00 O Governo do Estado acredita profundamente na importância da cooperação interfederativa e tem demonstrado compromisso com os municípios ao assumir custos que, muitas vezes, são de responsabilidade exclusiva dos gestores municipais. Exemplos disso incluem: • Custo com Oxigenoterapia: O Estado dispõe de equipamentos para oxigenoterapia domiciliar e atende uma média de 580 pacientes por mês. • Custo com Homecare: O Estado investe em serviços de homecare para a população. • Custo com Cirurgias Eletivas, R$ 1.669,296,00 mensais no programa “Mais Cirurgias, Mais Saúde”. o Governo realiza cirurgias ortopédicas, gerais, ginecológicas e urológicas em 15 unidades hospitalares da rede estadual. • Custo com OPME Ortopedia: O Governo possui contratos com empresas que atendem à demanda de cirurgias ortopédicas em oito unidades hospitalares do Estado, com investimento de R$ 23.876.585,73, resultando em 7.701 procedimentos cirúrgicos. Nos últimos anos, o Governo tem ampliado significativamente a capacidade da rede hospitalar estadual, incluindo a construção e ampliação de hospitais, ampliação de leitos (só de UTI foram mais de 100 leitos) e a nomeação de novos servidores da saúde pública (Mais de 4 mil novos servidores efetivos) e regionalizando a assistência com recorde de cirurgias ortopédicas realizadas nos hospitais regionais A construção do Hospital Metropolitano, com 350 leitos, terá sua licitação realizada ainda este ano, o que contribuirá decisivamente para desafogar o Hospital Walfredo Gurgel e melhorar o atendimento à população. Esperamos também que novos hospitais municipais possam ser construídos e efetivados, diante da existência do vazio de leitos de baixa e média complexidade sob gestão municipal. O Governo do Estado reafirma seu compromisso com a saúde pública e a qualidade do atendimento à população, buscando sempre soluções que envolvam a cooperação entre os entes federados para uma gestão eficiente e sustentável dos serviços de saúde. GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE PÚBLICA VÍDEOS: Mais vistos do RN nos últimos 7 dias

FONTE: https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2024/11/22/municipios-se-posicionam-contra-proposta-de-barreira-ortopedica-para-desafogar-hospital-walfredo-gurgel.ghtml


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